Os partidos levaram os investimentos públicos para o debate político mas a discussão está contaminada. De um lado, qualquer investimento público é encarado como negativo; do outro, encher o país de trolhas e sacas de cimento, seja para que obra for, é visto como a única solução para a crise. Se eu fosse primeiro-ministro, ou presidente da Mota-Engil, que vai dar quase ao mesmo, o meu plano estratégico seria:
a) não fazer mais auto-estradas nos próximos 50 anos, suspendendo as concessões já lançadas mas não adjudicadas;
b) avançar com o TGV, excepto no que diz respeito ao apêndice idiota que vai do Porto para Vigo. Neste caso, explicaria ao país as vantagens de viajar de comboio, lembrando que os aviões passam filmes sem qualidade durante as viagens, causam disfunções chatas no sistema digestivo e podem cair;
c) construir o aeroporto, desde que não tivesse de ir lá muitas vezes e só para ir buscar ou levar gente amiga que precisasse de boleia;
d) alargar a rede de metro de Lisboa até à periferia da zona periférica de Odivelas, mais especificamente até uma localidade bastante povoada chamada Bairro de São Jorge. Para melhorar a rapidez do serviço, aboliria as paragens entre o bairro supra-citado e o Campo Grande, claramente desnecessárias.