Os Estados Unidos estão a viver dias agitados e a forma como lidarem com esta crise financeira pode ditar os aumentos salariais em Portugal nos próximos anos. Tendo esta premissa em mente, a Sic Notícias está agora emitir um programa onde o psicólogo Eduardo Sá explica os malefícios do cyberbulling, ao passo que a Sky News e a CNN estão a fazer directos de uma conferência de imprensa no Congresso norte-americano.
Os americanos ligaram o complicador, talvez por fobia ao conceito de nacionalização. Começou com o programa inicial de Paulson, uma coisa abjecta. Imagine-se que os principais produtores de tomates em Portugal decidem investir, de forma maciça, numa espécie de tomates chamada subprime. Os tomates subprime, apesar de muito bonitos, têm um sabor esquisito e apodrecem mais depressa do que os outros. Como ninguém os compra, a indústria do tomate fica com toneladas de tomate podre nos armazéns e enfrenta a falência. Para resolver a crise, o ministro das Finanças propõe usar ziliões de euros do erário público para comprar tomates subprime podres, mas ao preço de tomates suculentos de Alcobaça. Adicionalmente, o ministro impõe uma cláusula que impede qualquer organismo público ou policial de verificar a sua actuação nas transacções de tomates.
Os congressistas, bastante perspicazes, desconfiaram da bondade da intervenção de Paulson. Democratas e conservadores negociaram, durante todo o fim-de-semana, um documento de 110 páginas com complexas disposições legais, em que são impostos limites às transacções que o Tesouro irá fazer. Haveria formas mais simples de actuar, com efeitos semelhantes, senão melhores. Eu teria nacionalizado meia dúzia de bancos na sexta à tarde, mesmo a tempo de ir jantar um excelente bacalhau com natas acompanhado por um tinto alentejano.