Se calhar devia ilustrar o blogue com a imagem de um cagalhão de cão num passeio. Este é o primeiro post escrito em Campo de Ourique, numa casa que será minha quando fizer 70 anos, e devia mostrar algo icónico do novo bairro. A verdade é que mesmo os cães que cagam nos passeios têm-se revelado simpáticos e há vizinhos inexcedíveis no acolhimento ao aborígene. Estou a estudar a compra de uma tanga Speedo para nadar com as velhotas na piscina municipal.
Estou a descobrir que a propriedade tem também facetas pouco encantadoras, sobretudo tratando-se de uma casa usada. De meia em meia hora, descobre-se um novo pintelho enrolado em partículas de pó, candidamente à espera de aspirador e sonasol. Como não tenho dinheiro para comprar uma aparelhagem e não posso ouvir música, a minha distracção durante as limpezas é tentar adivinhar de que parte específica do corpo virão os pêlos que vou encontrando. Parâmetros avaliados: forma, cor e em que compartimento da casa são encontrados.
Metade do PIB da Suécia deste ano serão as minhas compras no Ikea. Isto significa que o meu sofá já range em pontos específicos, ao fim de dois dias de utilização. E não percebo para que é que uma loja de um país de vikings com 2 metros de altura e 100 quilos de peso faz um colchão com 10 centímetros de espessura. Mas, por 219 euros para uma cama de 160cmx200 cm, as minhas costas aguentarão ficar sem saber a génese do desconforto matinal.