Se chegou a este blogue através do destaque do Sapo, as minhas desculpas. Não fiz de propósito. Pode clicar aqui para algo mais sensato.
Os partidos levaram os investimentos públicos para o debate político mas a discussão está contaminada. De um lado, qualquer investimento público é encarado como negativo; do outro, encher o país de trolhas e sacas de cimento, seja para que obra for, é visto como a única solução para a crise. Se eu fosse primeiro-ministro, ou presidente da Mota-Engil, que vai dar quase ao mesmo, o meu plano estratégico seria:
a) não fazer mais auto-estradas nos próximos 50 anos, suspendendo as concessões já lançadas mas não adjudicadas;
b) avançar com o TGV, excepto no que diz respeito ao apêndice idiota que vai do Porto para Vigo. Neste caso, explicaria ao país as vantagens de viajar de comboio, lembrando que os aviões passam filmes sem qualidade durante as viagens, causam disfunções chatas no sistema digestivo e podem cair;
c) construir o aeroporto, desde que não tivesse de ir lá muitas vezes e só para ir buscar ou levar gente amiga que precisasse de boleia;
d) alargar a rede de metro de Lisboa até à periferia da zona periférica de Odivelas, mais especificamente até uma localidade bastante povoada chamada Bairro de São Jorge. Para melhorar a rapidez do serviço, aboliria as paragens entre o bairro supra-citado e o Campo Grande, claramente desnecessárias.
Quando crescem, as crianças do sexo feminino são permanentemente bombardeadas com a ideia de que são princesas. A subsistência dessa auto-imagem, criada nos primeiros anos de vida, explica os caprichos das mulheres já em idade adulta. Ter filhos obriga a uma maior maturidade e ajuda a dissipar aquela percepção errónea. Começar a ficar com as mamas descaídas também.
Devo ser a única pessoa com um blogue que ainda não inseriu um vídeo com uma das barbaridades da Sarah Palin. Com a devida penitência pelo atraso, segue a minha escolha.
Não gosto de mudanças de hora. É muito chato sair da cama às 14h, ver que afinal são 13h e aperceber-me de que teria sido possível ficar mais uma hora em estado de inércia auto-induzida.
O Rockfeller Center, em Nova Iorque, foi construído durante a Grande Depressão que começou nos Estados Unidos, em 1929. Li esta referência há dias, numa notícia ou num artigo de opinião, mas como já não me lembro onde, o autor desculpar-me-á por usá-la sem atribuí-la. À ideia usurpada, eu acrescentaria um pormenor: foi naquele centro que abriu, em 1932, o Radio City Music Hall. Se Manuela Ferreira Leite fosse viva e residente dos Estados Unidos naqueles tempos, provavelmente teria um esgotamento nervoso ao ver ser construída uma das mais imponentes salas de espectáculo do mundo, com a economia num caos. Com o desemprego acima de 20%, com empresas e famílias na penúria, uma obra sem qualquer utilidade terá tido, certamente, um retorno financeiro duvidoso.
É curioso. Há algum tempo que não há directos de bombas de gasolina assaltadas, que a meia hora inicial dos telejornais não é ocupada com crimes e que as manchetes dos jornais não dão conta de um aumento assustador do carjacking. Portugal afinal não estava a tornar-se parecido a uma favela no Rio de Janeiro? Acabou a onda de violência que começou no Verão? A verdade é que ela nunca existiu. A explicação para a vaga de crimes de há uns meses foi confirmada ontem: houve muito menos fogos este ano. Privados da tradicional fonte de notícias de Agosto, os jornalistas viraram-se para o que estava mais à mão, ajudados por dois assaltantes brasileiros e idiotas. Aposto as minhas 160 acções do BCP em como no próximo Verão haverá uma de duas ondas: ou de fogos ou de crimes.
PS nº1 - A aposta é feita, claro, ao preço actual das acções.
PS nº2- O PS nº1 serve apenas para demonstrar que sou extremamente virtuoso no Metastock, embora não tenha feito mais que clicar no único comando que conheço do programa.
Berardo, põe-te a pau. Acabei de sacar o Metastock.
(Print Screen capturado há minutos no meu computador)
A Bloomberg contou há dias a história de Andrew Lahde, um gestor de um hedge fund norte-americano que decidiu terminar a actividade financeira e enviou um e-mail de despedida aos clientes do fundo. Comunicou-lhes que iria devolver o dinheiro investido, depois de lhes ter dado a ganhar montanhas de dólares, quando o resto da humanidade estava a perder. Na carta de despedida, atribui o sucesso do hedge fund às erradas estratégias de investimento de meninos ricos e pouco inteligentes que tiraram cursos de gestão pagos pelos pais e ascenderam a cargos de direcção em grandes empresas. Com o fim da carreira financeira, Lahde diz que vai que vai tratar da saúde e apela a que mais gente deite fora os seus blackberrys. A missiva termina com a defesa de uma nova ordem mundial e com um apelo ao consumo de marijuana. Alguns excertos:
"A fruta mais à mão, isto é, os idiotas cujos pais lhes pagaram o liceu, Yale e depois um MBA em Harvard, estava lá para quem quisesse apanhar".
"Estas pessoas que (muitas vezes) não eram verdadeiramente dignas da educação que receberam (ou supostamente receberam) ascenderam ao topo de empresas como a AIG, Bear Stearns ou Lehman Brothers e a todos os níveis do nosso governo".
"Todo este comportamento apoiando a Aristocracia, apenas tornou mais fácil que eu encontrasse pessoas estúpidas o suficiente para possibilitar os meus negócios. Deus abençoe a América".
"Deitem fora os Blackberrys e desfrutem da vida".
"A maléfica planta fêmea - cannabis. Dá-te uma pedrada, faz-te rir, não causa ressaca. Ao contrário do álcool, não leva a lutas em bares ou espancamento de mulheres. Portanto, porque é ilegal esta planta inofensiva? É uma uma droga de perdição? Não, isso é o álcool, que é altamente publicitado neste país".
"A América do dinheiro, que é dona do Congresso, prefere vender-vos [anti-depressivos] como Paxil, Zoloft ou Xanax, do que permitir que cultivem uma planta em vossa casa sem que alguns lucros acabem nos seus cofres".
Um gajo começa a desconfiar que está algo maníaco quando dedica dez minutos da sua existência a tentar encurtar o espaço que vai desde o fim de um texto ou de um vídeo, num post, até à assinatura do autor do blogue.
9:30 - Acordar.
9:35 - Urinar. Descobrir, ao puxar o autoclismo, que não há água. Mandar os técnicos dos serviços municipalizados para a cona da mãe deles, pela segunda vez em mês e meio.
9:38 - Despejar na sanita cerca de um litro de água armazenada numa garrafa de amaciador "Ultra Pro". Pôr outro litro de água a aquecer, no fogão.
9:40 - Receber uma chamada de uma antiga colega de turma cujo nome não nos recordamos, na altura.
9:50 - Durante a conversa telefónica, verificar que a água está a ferver. Tirar a panela do lume à pressa, mantendo o telemóvel no ouvido.
10:00 - Fazer a barba com parte da água quente. Com a remanescente, lavar o melhor possível as partes inferiores das junções entre os braços e o tronco, doravante designadas de sovacos. Para tal, aproximar ao máximo o sovaco em questão do lavatório, de modo a que a água não escorra nem para o chão nem para o tronco. Neste ponto, é necessário fazer um movimento corporal semelhante ao que deu à ginasta romena Daniela Silivas a medalha de ouro na prova de barras assimétricas, nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988.
10:15 - Vestir. Pôr o triplo do desodorizante que é costume pôr.
10:20 - Lavar os dentes e enxaguar a boca com água que sabe a amaciador de roupa "Ultra Pro". Sair de casa e fazer o que há a fazer.
21:00 - Descobrir que o fogão ficou aceso durante todo o dia. Mandar os dirigentes dos serviços municipalizados para a cona da mãe deles, pela terceira vez em mês e meio.
Alguém devia mudar o nome do "Dow Jones" para "Down Jones". Alguém já deve ter feito esta piada antes.
Acho que foi a primeira vez que vi anunciar um vencedor de um nobel numa área científica e soube quem era o tipo que havia ganho. Não é que geografia económica e padrões de comércio internacional, as áreas de investigação que valeram a Paul Krugman o nobel da Economia, sejam temas que me excitem por aí além. Sinceramente, prefiro caipiroskas. Eu conheço-o daqui, para onde já "linkei" algumas vezes. Krugman é um académico, mas faz o que poucos académicos fazem: assume que a economia não serve só para encher estantes de universidades. Demonstrou que a política económica de Bush acentuou as desigualdades sociais nos Estados Unidos, foi contra a guerra no Iraque, esteve do lado do bom senso desde o início desta crise financeira. Acredita que o Estado tem um papel decisivo na economia e na melhoria do bem-estar.